Nas Eleições de 2010 as bandas Jota Quest, Skank, O cantor Milton Nascimento fizeram grande camapanha para a reeleição de Anastasia e para a eleição ao senado de Aécio Neves. Parece que agora o Governo de Minas e o Prefeito de BH Márcio Lacerda que obteve apoio nas eleições para a prefeitura em 2008 estão pagando esses favores com recursos públicos.
Veja matéria abaixo que saiu no
Portal IG.
A banda Jota Quest, o cantor Milton Nascimento e a
cantora Ivete Sangalo receberam dinheiro da prefeitura de Belo Horizonte
e do governo de Minas Gerais para shows e projetos culturais, sem
licitação.
Agora, esses repasses vão ser investigados pelo Ministério
Público. O promotor Eduardo Nepomuceno de Sousa, da Defesa do Patrimônio
Público, abriu investigação nesta quarta: "Os temas foram encaminhados
para distribuição, nesta Promotoria de Justiça, nesta data, a fim de dar
início à investigação", disse ele, em email ao
iG.
Flausino e Nascimento apoiaram a eleição do governador
Antonio Anastasia (PSDB), no ano passado, e do prefeito
Marcio Lacerda (PSB), em 2008. Lacerda e Anastasia são aliados e pertencem ao grupo político do senador
Aécio Neves.
Ivete não participou da campanha, mas os repasses a ela também serão
investigados. A prefeitura disse que não irá se manifestar sobre o
assunto, pois ainda não recebeu uma notificação formal sobre a
investigação do Ministério Público Estadual.
Nos três casos, eles receberam verbas públicas para shows pagos. Em
São Paulo, por exemplo, a prefeitura e o governo do Estado patrocinam a
Virada Cultural, mas os shows são gratuitos.
Foto: Divulgação
O Jota Quest e o prefeito de Belo Horizonte,
Marcio Lacerda,
em julho deste ano: eles entregaram ao prefeito uma
placa
comemorativa do aniversário de 15 anos da banda
O Jota Quest, que tem como vocalista Rogério Flausino,
recebeu dois repasses da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) apenas neste
ano. O montante chega a R$ 400 mil, dentro de um edital criado em
outubro do ano passado para incentivar eventos de potencial turístico
para a capital mineira.
Em 2010, Flausino fez campanha para Aécio e Anastasia
Conforme publicação no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 31 de
maio deste ano, a Empresa Municipal de Turismo (Belotur) firmou, sem
licitação, com a Própolis Brócolis Produções, contrato para financiar a
“Turnê Jota Quest 15 anos”, no valor de R$ 300 mil. A vigência da
parceria, conforme a publicação, é de cento e vinte dias, a partir do
dia 24 de abril de 2011. A turnê acontece em todo o Brasil, e não apenas
em Minas Gerais. Embora o valor de um cachê do Jota Quest não seja
público, estima-se que esteja entre R$ 150 mil e R$ 200 mil por show.
Logo depois que terminou a vigência do primeiro repasse, a banda
mineira foi novamente beneficiada. No dia 14 de outubro passado, o
diário oficial publicou mais uma vez a concessão de auxílio financeiro
para o Jota Quest, desta vez no valor de R$ 100 mil, para a mesma turnê.
A parceria também envolve a Brócolis Própolis Produções e tem prazo de
vigência de 120 dias. Ninguém da produtora foi localizado para comentar
os repasses.
O Jota Quest se apresentou em Belo Horizonte exatamente no dia em que
foi publicado no diário oficial o segundo repasse de recursos da
Belotur para a banda, 14 de outubro. O valor dos ingressos se esgotaram e
variaram de R$ 50 (havendo venda de meia entrada a R$ 25) a R$ 160
reais.
"A banda Jota Quest participou de edital da Belotur, a qual visava
divulgar o nome da cidade de Belo Horizonte em todo território nacional,
com forte apelo turístico ao evento que ocorre em 24 capitais,
cumprindo todas as exigências obrigatórias prevista em lei", informou a
assessoria da banda.
Milton Nascimento
Foto: Reprodução
Reprodução do site da mais nova turnê de Milton
Nascimento: patrocínio da Cemig, estatal de Minas, e do
governo do Estado
A mais recente turnê de Milton pelo País conta com R$ 300 mil
em recursos patrocinados pela Companhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), a estatal mineira de energia. Os shows acontecem em diversas
partes do País e não são gratuitos.
Além disso, no primeiro semestre deste ano, Anastasia destinou R$ 552
mil para a Associação dos Amigos do Museu Clube da Esquina. O montante
representa 29% de recursos do governo mineiro para incentivo de
atividades culturais. A associação é uma Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público (Ocip), cuja meta é divulgar a produção artística
do grupo musical Clube da Esquina, do qual Milton fez parte. O cantor
não está diretamente ligado à direção da Ocip.
Milton Nascimento, nas eleições de 2010
Já em abril de 2010, poucos meses antes das eleições, Milton foi a principal estrela da inauguração da Cidade Administrativa
Tancredo Neves,
nova sede do governo mineiro. A inauguração foi um dos últimos atos de
Aécio como governador. Ele deixou o cargo para se candidatar, com
sucesso, ao Senado.
A assessoria de imprensa do governo do Estado informou que Milton
recebeu R$ 60 mil para cantar uma única música, “Coração de Estudante”.
Fafá de Belém, que foi musa das Diretas Já, ganhou R$ 25 mil para entoar
o hino nacional. Os recursos vieram da Companhia de Desenvolvimento de
Minas Gerais (Codemig), empresa de economia mista cujo acionista
majoritário é o Estado de Minas. “Milton Nascimento é um dos artistas
brasileiros que melhor simboliza e traduz o sentimento de mineiridade”,
justifica a assessoria do governo de Minas.
Tanto Milton quanto Fafá de Belém foram algumas das principais vozes
em apoio aos protestos pela redemocratização do País. Milton Nascimento,
inclusive, apoiou
Tancredo, avô de Aécio, ao governo de Minas Gerais, em 1982, e à Presidência.
Menos de um mês após a inauguração da Cidade Administrativa, também
em maio do ano eleitoral, Milton foi novamente o principal nome de um
evento promovido pelo governo estadual. A inauguração do Circuito
Cultural Praça da Liberdade reuniu 12 mil pessoas na tradicional praça
em frente ao Palácio da Liberdade, a sede do governo substituída no ano
passado pela Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves. O valor do
cachê de Milton não foi revelado, mas o
iG apurou que um show dele custa entre R$ 100 mil e R$ 150 mil. Este show foi gratuito a quem participou.
Vídeo da campanha de 2010 em que artistas apoiam PSDB de MG
O governo informou que empresas privadas bancaram o show, mas nem as
empresas nem o governo informaram se os recursos foram obtidos com a lei
de incentivo à cultura de Minas. Além de Milton, outro apoiador
eleitoral de Anastasia participou do evento, o vocalista do Jota Quest,
Rogério Flausino.
O
iG procurou o governo do Estado e a assessoria de
Milton.Segundo a assessoria de Milton. “Milton apenas participou de um
vídeo da última campanha, não tem nada a ver com apoio eterno e
permanente. A relação deles é somente cordial, e não tem nada a ver com
política”, respondeu a assessoria de comunicação do cantor. O governo
de Minas e as estatais justificam a presença dele nos shows porque
Milton é um dos artistas que melhor representam o Estado. Eles ainda não
comentaram a investigação do Ministério Público.
Ivete Sangalo
De acordo com informações da PBH, no primeiro edital para repasse de
recursos a eventos com potencial turístico foram aprovados 14 projetos,
no segundo 27 e no terceiro 31. Entre os últimos projetos aprovados
destaca-se também a turnê “Ivete Sangalo no Madison Square Garden”.
Foto: Photo Rio News
Ivete Sangalo, durante o Rock in Rio
Os valores para a baiana Ivete, por enquanto, não foram
publicados no diário oficial. A cantora baiana se apresentou com esta
turnê em Belo Horizonte no último dia 22, em comemoração ao aniversário
de 20 anos de um shopping na região norte da capital. O ingresso mais
barato custava R$ 55, sendo meia entrada para pista. O mais caro saiu
por R$ 270, em camarote com bebidas liberadas.
A concessão de auxílio financeiro para eventos em Belo Horizonte foi
regulamentada pelo Decreto Municipal 14.142, publicado no DOM no dia 5
de outubro de 2010. Ele diz que deverá ser repassado à prefeitura
ingressos a serem distribuídos gratuitamente, em quantidade equivalente
ao montante de recursos repassados. Para o projeto ser aprovado, a PBH
leva em consideração uma série de fatores, entre eles fortalecimento da
imagem do município, impacto na rede hoteleira, relevância e
singularidade, além de valorização cultural da cidade. A escolha é feita
por uma comissão e dispensa licitação, o que está previsto em lei.
Neste ano foram destinados R$ 3 milhões, de acordo com a prefeitura.
O repasse de dinheiro público de Belo Horizonte para a baiana Ivete
já havia chamado a atenção do Ministério Público em 2009, que instaurou
um inquérito envolvendo o então diretor da Belotur Júlio Pires. Para o
evento “Axé Brasil”, que teve ingressos vendidos de R$ 30 a R$ 600, a
prefeitura da capital destinou R$ 453 mil. Além de Ivete, os recursos
foram destinados ao show da Banda Chiclete com Banana.
O promotor de
Defesa do Patrimônio Público Eduardo Nepomuceno considerou o repasse
“ilegal e imoral” e pede em processo judicial ressarcimento público. A
ação em fase final pode ser julgada ainda neste ano. O
iG procurou a assessoria de Ivete, mas ainda não obteve resposta.